quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Aquele que Sonhava


Em tempos jamais idos, num local nunca antes visitado viveu Aquele Que Sonhava.

Sonhava só e triste. Triste porque só estava, só porque a sua vida lhe amargurara.

Viveu então só. Sonhou só.

Vazia talvez a sua alma, enfraquecido talvez o seu corpo, Aquele Que Sonhava se parara com o calcuriar dos tempos. Dias de infinita procura, anos de desencontradas buscas.

Um dia porém, Aquele Que Sonha contemplou algo de tal beleza que por estas impenetráveis palavras jamais poderá ser descrito. Aquele Que Sonha deparou-se com a beleza do Nada. O Nada que tanto lhe atormentara os seus penosos dias, o Nada que envelhecera a sua pele, pelos tristes dias que viveu desamparado.

Afinal Aquele Que Sonha nunca estivera só. Aquele Que Sonha nunca esteve amargurado. Ele simplesmente nunca tinha reconhecido o belo que é nada ter, o belo que é nada ser.

A sua vida nunca fora um trilho sem rumo repleta de linhas soltas, era sim uma imensidão de vivências que o nada lhe tinha oferecido ao longo dos tempos.

E aquele momento foi especial. Deu-lhe a maravilhosa e pura bênção reservada apenas aqueles que tem o condão de amar cada momento da sua vida. Deu-lhe a capacidade de sonhar com o Nada, e vivê-lo intensamente em si próprio.

Sem comentários:

Enviar um comentário